sábado, 26 de dezembro de 2009

Mostra de Iguarias da Fajã do Penedo reaviva outros "natais"


Na freguesia de Boaventura, em São Vicente, Madeira, as iguarias da quadra de Natal são divulgadas numa mostra que tem lugar no adro da igreja da Fajã do Penedo que vai integrar o roteiro gastronómico daquele concelho.
A Mostra de Iguarias de Natal da Fajã do Penedo é uma realização da Casa do Povo da Boaventura com a finalidade de preservar usos e costumes ancestrais gastronómicos daquele sítio.
A Fajã do Penedo é uma localidade da freguesia da Boaventura, no interior do concelho de São Vicente, que durante muitos anos esteve afastada dos centros administrativos, uma situação que levou a respectiva população a idealizar, com antecedência, todos os preparativos para o período de Natal.
Por não ter à mão as facilidades que a cidade oferecia na oferta de produtos, a população local passou então a produzir, com antecedência e com base nos frutos da sua terra, as iguarias - licores diversos, broas, bolos variados e particularmente o de mel, a carne vinha d'alhos, a canja de galinha, de animais criados domesticamente - com que brindavam o Natal.
Esta mostra, que já vai na quarta edição, constitui um reavivar de uma tradição e uma atracção que faz deslocar à Fajã do Penedo muitos forasteiros para, em redor das barracas levantadas no largo comunitário, com a igreja na proximidade e o verde das montanhas ao fundo, saborear estas produções domésticas, numa iniciativa da Casa do Povo da Boaventura e apadrinhada pela Câmara Municipal de São Vicente.
"A Câmara vai aproveitar as ideias da Casa do Povo e vamos provavelmente dentro de um a dois anos integrar todos estes eventos num roteiro culinário do concelho", explica Jorge Romeira, presidente da autarquia de São Vicente.
"Queremos manter a nossa identidade própria, os produtos da terra que as pessoas usavam no Natal, muitos deles usados derivados do afastamento dos grandes sítios o que obrigava as pessoas a fazer em casa os seus licores, os seus bolos e toda a sua alimentação de Natal", recorda.
Jorge Romeira considera que toda esta actividade gastronómica expressa "uma memória colectiva": "nós podemos andar pelo mundo inteiro mas temos a nossa memória cultural sempre aqui e é essa memória que vamos preservar".
O presidente da Casa do Povo da Boaventura, Robert Santos, afiança que a Mostra de Iguarias de Natal "é uma aposta ganha e é para continuar".
"São as pessoas simples que dedicam todo o seu tempo e trabalho para que tudo corra bem", conclui.
As diversas iguarias, o pão caseiro, a poncha (bebida típica madeirense feita com aguardente, limão e mel de abelhas) e os licores são apreciadas ao som de grupos de folclore e de música tradicional que emprestam à iniciativa uma certa ruralidade.

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