sexta-feira, 3 de abril de 2009

Segurança alimentar


Como podemos saber que os alimentos disponíveis no mercado são nutritivos, seguros e saborosos? Esta é uma questão que diariamente é colocada por muitas pessoas, porém a resposta nem sempre é dada de forma clara e objectiva.
Com esta reflexão, espero poder elucidar os visitantes deste blogue para a questão da segurança alimentar, alicerçada nos conhecimentos que tenho enquanto jornalista, gastrónomo e cidadão, minimamente informado da matéria em apreço.
Não há dúvidas de que queremos ter a certeza que os alimentos disponíveis para a nossa alimentação são de confiança. Porém, as últimas crises alimentares como a doença das vacas loucas, os nitrofuranos, as dioxinas ou a mais recente contaminação do leite com melamina, contribuíram para reduzir a confiança dos consumidores relativamente à segurança dos alimentos que consomem no seu dia-a-dia.
Há dias li num artigo assinado pela coordenadora do departamento de formação da DECO, Fernanda Santos, que sempre existiram riscos associados ao consumo de alimentos que, de uma forma geral, eram bem conhecidos, imediatos e com consequências para a saúde, limitadas no espaço e no tempo.
Hoje, resultado dos modos de produção, da contaminação ambiental e de uma longa cadeia alimentar com diversos intervenientes, os riscos alimentares assumem uma nova e preocupante dimensão.
Em diversos estudos realizados sobre esta problemática, os consumidores revelam uma grande dificuldade em distinguir os diferentes tipos de riscos alimentares, mas tendem a preocupar-se mais com aqueles que são causados por factores externos e que não controlam. No topo das suas preocupações surgem os resíduos com pesticidas, os novos vírus (gripe das aves), os resíduos da carne e a contaminação microbiológica.
Num outro estudo, realizado em 2005, pela extinta Agência Portuguesa para a Segurança Alimentar, a percepção relativa à gravidade dos diferentes riscos alimentares, depende de factores, nomeadamente o grau de conhecimento acerca dos mesmos e a forma como a comunicação social aborda o tema e o tempo que lhe destina.
Não foi por acaso que a BSE (vacas loucas) foi apresentado pelos consumidores como o mais grave, decorrente das notícias e do seu impacto nas pessoas, mesmo sendo poucos os casos conhecidos de morte nos humanos. Nesta situação os consumidores alteram na generalidade os seus hábitos, evitando ou mesmo rejeitando o consumo dos alimentos de risco. É um facto que com a perda de interesse por parte da comunicação social, retomam os seus antigos hábitos alimentares.
Estou de acordo com aqueles que defendem que, uma das formas de garantir a confiança dos consumidores, passa por transmitir mensagens cientificamente válidas, apropriadas, consistentes e veiculadas em tempo útil aos consumidores.
Esta reflexão leva-me a aconselhar o consumo de produtos agrícolas e agro-alimentares tradicionais, por norma caracterizados pela sua qualidade, autenticidade e sabor. Neste contexto, assume capital importância a fiscalização por parte das entidades que têm responsabilidade nesta matéria, a quem compete detectar e actuar na salvaguarda da protecção da saúde dos consumidores.