quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Confrarias incrementam produções familiares e pequeno comércio


As confrarias gastronómicas contribuem para a preservação das explorações agro-pecuárias de base familiar e do pequeno comércio, incrementando a economia local e regional.
A ideia foi defendida pela presidente da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas (FPCG), Madalena Carrito. "Cabe às nossas confrarias um trabalho eminentemente cultural e de promoção dos territórios", disse Madalena Carrito, na tomada de posse em Vila Nova de Poiares, para um novo mandato na liderança da Federação.
Realçando que as confrarias "detêm localmente grande parte do conhecimento em relação aos produtos e receituário tradicionais", adiantou que, no contexto da globalização, elas têm um "desafio importante" pela frente no sentido na "subsistência dos pequenos produtores e dos pequenos comerciantes".
Nos últimos anos, segundo Madalena Carrito, a escassez de legislação de Portugal nesta área, em comparação com outros países europeus, ou, quando existe, os atrasos na sua aplicação, "quase deu cabo de muitos produtos tradicionais".
Este ano, a Federação pretende "pôr de pé por esse país fora" um programa comemorativo do reconhecimento oficial da gastronomia portuguesa como "património cultural".
Madalena Carrito recordou que o segundo Governo de António Guterres aprovou, em 2000, uma resolução que concede à gastronomia tradicional o estatuto de "património cultural imaterial", mas que "pouco foi feito de concreto nestes dez anos".
"Uma comissão constituída na altura para o efeito integrava 23 entidades e foi criada para não funcionar", lamentou.
Nesse sentido, a Federação Portuguesa de Confrarias Gastronómicas "tem vindo a alertar as entidades regionais de turismo e os pólos de turismo" dos quais já faz parte.
"O trabalho das nossas confrarias tem ajudado a dar visibilidade para o exterior" aos produtos endógenos, dinamizando as economias locais e sensibilizando os pequenos produtores, disse Madalena Carrito.
Na sua opinião, em resultado do trabalho das confrarias, "as pessoas estão hoje muito mais sensíveis e atentas", acreditando mais nas potencialidades dos produtos que conferem especificidade à gastronomia tradicional.
"Portugal não pode esquecer aquilo que nos diferencia", afirmou, preconizando que a gastronomia genuína "deveria ser um produto transversal a todos os outros produtos turísticos", com ganhos ao nível da atracção de turistas.
No triénio 2010-2012, a FPCG aposta ainda na afirmação da gastronomia nacional "como património cultural imaterial", reclamando para isso o apoio do Ministério da Cultura, e na criação de uma carta internacional de confrarias em resultado da colaboração com instituições congéneres estrangeiras.