terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Passagem de ano: "Alquimia da Cor" na baía do Funchal


O espectáculo pirotécnico do Funchal, que em 2007 foi reconhecido pelo “Guinness Book of World Records” como o maior do planeta, terá este ano a duração de oito minutos e é subordinado ao tema "Alquimia da Cor", da responsabilidade da empresa Macedo's Pirotecnia.
O fogo será disparado a partir de 39 postos, sendo 24 no anfiteatro da cidade, oito na orla marítima e baixa citadina e os restantes cinco no mar, onde estarão seis navios de cruzeiro.
Serão queimadas mais de 17 toneladas de fogo-de-artifício, em 71 mil disparos e rebentamento de 40 mil peças, num espectáculo que custará ligeiramente acima de um milhão de euros.
Entretanto, o fogo-de-artifício no Porto Santo será lançado, este ano, a partir do miradouro da Portela, sendo igualmente da responsabilidade da mesma empresa portuguesa.
No que concerne ao estado do tempo, depois das intensas chuvadas e do vento forte que têm fustigado a Madeira nos últimos dias, os meteorologistas prevêem para a noite de São Silvestre madeirense céu muito nublado.
A tradição leva milhares de madeirenses a casa de familiares ou amigos para assistir, em pontos estratégicos ao fogo. Uma oportunidade para confraternizar e degustar algumas iguarias da gastronomia e da doçaria regional, além das bebidas que fazem aquecer a alma, esquecer as agruras do ano velho e brindar ao novo.
Bom ano de 2009 a todos os visitantes deste blogue!

Passagem de ano: Poucos acreditam, mas quase todos cumprem rituais para trazer boa sorte


Uns têm origens seculares, outros ninguém sabe como surgiram, mas todos visam trazer boa sorte para o ano que começa. Dos mais crentes aos mais cépticos, na noite da passagem de ano, poucos são os que dispensam rituais que prometem dinheiro, saúde e amor. Na Madeira não há muitas diferenças.
"Cumprir alguns rituais dá um certo conforto psicológico. Mesmo quem não acredita em superstições, acaba muitas vezes por perpetuá-las, considerando que não custa nada e, pelo sim, pelo não, é melhor cumpri-las, não vá dar-se o caso de até funcionarem", explica o sociólogo e professor da Universidade Nova de Lisboa Moisés Espírito Santo.
Para o especialista, o peso da tradição acaba por gerar uma pressão colectiva e até alguma "coacção social" no sentido de se cumprirem estes rituais: "se toda a gente faz, por que razão não hei-de fazer também?", é a pergunta, por vezes inconsciente, que muitos se colocam.
Segundo um inquérito realizado pela Marktest em 2006, só 30 por cento dos inquiridos afirmaram não ter nenhuma superstição associada ao reveillon. Comer 12 passas nos segundos finais do último dia do ano e, por cada uma, pedir um desejo é, de longe, a tradição mais popular entre os portugueses.
"Há uma visão mágica associada a esta data, que faz com que as pessoas acreditem que tudo pode mudar de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro. Por isso, acham que a probabilidade de se cumprirem os desejos é maior se eles forem pedidos nesse momento de transição", afirma Moisés Espírito Santo.
Também por essa razão, este é, frequentemente, o momento escolhido para tomar decisões importantes e até mudar de vida: fazer dieta, deixar de fumar, passar mais tempo com a família ou casar, por exemplo, são resoluções com que muitos se comprometem para o ano que está prestes a começar.
Até porque virar a última folha do calendário é como "começar tudo de novo", mas com esperanças fortalecidas numa vida mais feliz. O conceito de renovação é, aliás, um dos mais fortemente associados a esta época, estando subjacente a quase todas as tradições da passagem de ano.
Estrear uma peça de roupa interior ou fazer a cama com lençóis nunca antes usados, que a crendice assegura trazerem boa sorte para o amor, são superstições ligadas a esta ideia de novo começo, assim como a ancestral tradição de deitar fora objectos velhos que perderam a utilidade, ou o simples gesto de enrolar uma nota alta na mão, ou tê-la no bolso e desejar mais dinheiro para o ano novo.
Fazer barulho é igualmente um dos mais antigos, mas também mais enraizados rituais associados ao reveillon, um pouco por todo o mundo. Seja gritar, lançar foguetes ou bater em panelas, a ideia, adianta o sociólogo, "é espantar os maus espíritos, os demónios e os velhos fantasmas que possam ter atormentado ou perturbado o ano que passou".
Entre as superstições que prometem bons augúrios para o futuro, subir a uma cadeira à meia-noite é, supostamente, sinónimo de prosperidade.
Numa altura de crise económica, é provável que muitos não se esqueçam de os cumprir. Até porque estes rituais da passagem de ano são como as bruxas: ninguém acredita, mas…

Joana Bastos (Lusa)/MF